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Organização da rotina autista em casa

Organização da rotina autista em casa

O processo de aproximação pode ser feito através de algumas intervenções por parte dos pais ou responsáveis, com intuito de tornar aquela brincadeira/atividade atrativa para que então a criança sinta-se interessada em participar e assim, se integrando ao grupo de forma natural. Uma estratégia para inserir brincadeiras novas é mostrar ao seu filho como a atividade deve ser feita, faça-a primeiro, depois faça junto com ele até que ele consiga fazer a brincadeira sozinho.

É importante lembrar que, por não serem muito flexíveis quanto a rotina, torna-se um pouco difícil este momento de afastamento do ambiente da educação especial, uma vez que os mesmos já estão acostumados com toda a rotina de se arrumar, deslocar-se até o local de atendimento, seja ele qual for, passar estas horas lá e, após, voltar para sua casa onde realiza atividades e tarefas que também são de costume, tudo dentro de uma rotina estruturada ainda que em sua mente. Nesse momento, torna-se interessante ter uma rotina estruturada para o seu filho, seja ela escrita, através de orientações e dicas visuais ou até mesmo fazendo com que o mesmo escreva as atividades que irá realizar durante o dia. Abaixo, nós da APAE de Florianópolis vamos explicar um pouquinho mais como funciona esse processo de rotina estruturada para tornar esse momento de afastamento mais simples, leve e prático para você e toda a sua família.

A rotina estruturada segue baseada nos fundamentos do programa TEACCH (​Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children) ,em português significaTratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação, que é um programa educacional e clínico com uma prática predominantemente psicopedagógica criado a partir de um projeto de pesquisa que buscou observar profundamente os comportamentos das crianças autistas em diversas situações frente a diferentes estímulos.

Uma parte bem importante dos princípios do TEACCH que é utilizado na APAE são as chamadas agendas (também comumente chamadas de outras formas, como orientação, comunicação visual por exemplo), que ajudam o aluno autista a se organizar em seu ambiente familiar 0) , tornando a rotina vivenciada previsível e, a partir disso, organizar visualmente a rotina da criança/adulto.

1. Como a agenda é utilizada na perspectiva do TEACCH?

A agenda serve para facilitar a compreensão daquilo que vai fazer no período ou no dia. Assim como uma outra agenda qualquer, ela ajuda a organizar a rotina diária da criança/adulto, orientando a compreensão da passagem do tempo. Para que vocês entendam melhor a importância da agenda, explicamos que todos nós temos em nossa mente o que vamos fazer durante o dia: levantar, tirar o pijama, colocar uma outra roupa, lavar o rosto, fazer xixi, escovar os dentes, tomar café assim por diante. Mas a maioria das crianças autistas não consegue organizar sua rotina mentalmente assim, precisamos ajudar nesse processo. por isso a agenda construída mostrando a rotina do dia torna-se imprescindível para que eles entendam que ficarão em casa e o que farão.

Por exemplo:

Ou seja, nestas imagens (meramente ilustrativas) torna-se mais fácil para a criança se orientar dentro do tempo e espaço, tendo conhecimento de sua rotina diária. ​Pode conter somente imagens (fotos ou figuras), textos ou até mesmo fazendo com que a criança/o adulto escreva seus afazeres​, sendo esses dois últimos somente no caso de pessoas já alfabetizadas.

2. A agenda pode ser usada em qualquer ambiente para ajudar a criança/o adulto com autismo a saber o que e como fazer?

Sim, se a pessoa em questão necessitar deste orientador, é interessante usar. Um exemplo a ser dado, por exemplo, é a utilização correta do banheiro, visto essa pandemia em que vivemos. Uma orientação voltada para a utilização correta do vaso, do banho, da rotina de higienização das mãos, por exemplo, pode ser usada através de imagens, escrita e também é possível fazer essa mediação, auxiliando o indivíduo até que ele internalize como fazer corretamente. O importante é não trabalhar com o objetivo de que a pessoa com autismo seja treinada para repetir essa sequência de forma mecânica e sim com a ideia de que ela precisa ir adquirindo compreensão sobre o que fazer, como fazer e em que ordem.

Segue um modelo de rotina padrão que poderá ser utilizado no dia a dia de seu familiar para ajudar a orientar e organizar seu dia:

Apartir disso, é possível desenvolver várias atividades simples e que podem ser feitas com seus familiares em casa, buscando aprimorar suas habilidades e desenvolver habilidades até então não adquiridas.

Segue uma lista de atividades que podem ser feitas em casa com seu familiar:

Lembrando que, para crianças de 0-4 anos, temporariamente (até dia 15 de abril) o aplicativo Kinedu, aplicativo responsável por disponibilizar mais de 1.800 atividades de desenvolvimento diversas será liberado até 15 de abril gratuitamente para garantir que seu pequeno tenha diversão e aprendizado de sobra.

Além do Kinedu, diversos outros sites e aplicativos disponibilizaram seus serviços gratuitamente para que seu familiar não fique de fora do aprendizado e da diversão, mesmo nesses tempos tensos de pandemia, aparente caos e desorganização de sua rotina já estabelecida.

Esta primeira atividade torna-se bastante simples, necessitando apenas de canetinha ou lápis de cor, um barbante para utilizar como cadarço (ou até mesmo o próprio cadarço) e um pedaço grande de papelão. Tem como objetivo desenvolver diversas habilidades, entre elas a coordenação olho/mão, coordenação bimanual (o uso simultâneo das duas mãos), a concentração entre outras coisas.

Nesta segunda atividade, o objetivo é que seja internalizado os números, assim como a habilidade de quantificar (dizer quantos objetos existem dentro do número 5, por exemplo: 1, 2, 3, 4 e finalmente o 5).

Nesta terceira atividade, torna-se interessante produzir o material com seu familiar, uma vez que, mesmo com sua mediação, ele terá que executar algumas habilidades, como a pintura no limite, o uso correto do lápis, entre outras.

O objetivo é que, nesta dinâmica, seja internalizado o conceito de transporte, ao mesmo tempo em que é feita a separação de: transportes que são utilizados em terra, no ar e na água.

Nesta quarta dinâmica, o objetivo é uma dessensibilização sensorial por parte do seu familiar, visto que alguns de nossos alunos têm grande sensibilidade ao toque, seja de outras pessoas ou de diferentes texturas com as quais não estão acostumados, como guache, amoeba, areia mágica, massa de modelar e etc.
É interessante produzir essa atividade junto ao aluno em questão, mostrando para ele(a) a receita, solicitando que misture os ingredientes e após, manusear a massa de modelar produzida.

Nesta atividade. propõe-se a pintura no limite. Pode-se começar com palitos, sejam eles de picolé, churrasco ou qualquer outro objeto que possa usar para delimitar uma área, para que assim possa-se pintar dentro. A partir daí, é possível remover a margem aos poucos e fazer a margem desenhada.

Nesta atividade, é possível desenvolver diversas habilidades, tais como a resolução de problemas, uma vez que será preciso achar o fim do labirinto, a atenção e o transporte do objeto (pode ser ele qual for) de um lado ao outro do labirinto.


Esta é uma ótima atividade atividade para estimular o movimento de preensão e pinça, sendo esse mesmo movimento utilizado em diversas funções do cotidiano, como segurar lápis, talheres entre outras coisas.